top of page

CAPIM-CERRADO

Tal como as demais obras de Lourenço de Bem, as pinturas em tela da série Capim-Cerrado preservam como principais predicados os traços e as cores sutis da beleza comum e cotidiana, essa que muitas vezes se encontra diante dos nossos olhos e passa desapercebida, mas, em situações divinas, nos induz ao belo, e até nos distrai de certos desarranjos da vida.

 

Capins, embora difíceis de serem descritos, têm muito a dizer sobre nós em nosso habitat; sobre o tempo, pelas chuvas, secas, vento; sobre nutrição pelas cores, volumes, formas e movimentos; sobre a natureza do cerrado. De cada um desses itens transpostos em figura e cores, pode-se transbordar um rio de palavras, percepções, sentimentos...

 

Mas, dentre tantas probabilidades interpretativas/sensoriais sobre uma obra, o que de tão sedutor há nas pinturas da série capim-cerrado de Lourenço de Bem?

 

“À primeira vista me encantei pela simplicidade. Mas, logo adiante, me peguei fitando por algum tempo a tela. Então eu quis saber o que haveria de ser tão especial a ponto de arrebatar meu olhar por tanto tempo”, disse alguém.

 

Bem, tratando-se desse trabalho artístico, é imprescindível não ser enlevado pelo aspecto da profundidade que o artista consegue dar aos elementos que compõem a cena do quadro. Capins sobre capins, uns se sobrepondo aos outros, sob os efeitos de luz, cores, texturas, volumes e demais elementos, são capazes de fazer o olhar mais desprevenido viajar alguns metros ou quilômetros para dentro da tela.

 

Seja nos movimentos das folhas ou em busca de outras espécies vegetais que se acrescentam umas às outras, o olhar é conduzido a outras camadas - como quem busca as sombras, os solos, rios, sol ou nuvens encobertas - que estão por ali supostamente perdidas/encontradas por detrás dos capins ou muito discretamente expostas nos últimos planos da imagem. Sim, o artista teve o cuidado de afiançar tamanha sofisticação.

 

Os capins-cerrado compõem o cenário dos parques ecológicos brasilienses, são comuns da vegetação da região Centro-Oeste brasileira e, evidentemente, são parte de um grande bioma da terra, compondo o espaço no qual estamos integrados. Talvez, estas particularidades sejam – além dos efeitos de profundidade, sombra e volume – algumas das qualidades que tornam este trabalho tão contemplado, apetecido, estimado e adquirido por apreciadores de artes.

 

Foram mais de 150 obras vendidas, algumas presenteadas, outras sorteadas.

 

Em 2016, em busca de resultados cada vez mais aperfeiçoados, o artista trabalhou uma nova série de pinturas Capim-Cerrado visando mais intensidade nos efeitos de profundidade e contraste.

Este ano (2017), o artista iniciou uma outra nova série. Transparece nas pinturas do capim um estado de leveza e uma inspiração que remete à divindade, à prosperidade, à paz espiritual. Isso se aplica às novas cores e técnicas utilizadas pelo artista. Para isto, retomou a aquarela para dar transparência aos elementos figurativos e não economizou no uso das das tonalidades lilás, roxo, rosa, etc.

 

Essa nova série será exibida em outubro no Espaço Cultural da Casa Thomas Jefferson, unidade da Asa Sul, cuja data de abertura está programada para o dia 6. Imperdível!

Texto e Fotos por Renata Coli

bottom of page