Segredos do Capim-Cerrado de Lourenço de Bem
Tal como as demais obras de Lourenço de Bem, as pinturas em tela da série Capim-Cerrado preservam como principais predicados os traços e as cores sutis da beleza comum e cotidiana, essa que muitas vezes se encontra diante dos nossos olhos e passa desapercebida, mas, em situações divinas, nos induz ao belo, e até nos distrai de certos desarranjos da vida.
Capins, embora difíceis de serem descritos, têm muito a dizer sobre nós em nosso habitat; sobre o tempo, pelas chuvas, secas, vento; sobre nutrição pelas cores, volumes, formas e movimentos; sobre a natureza do cerrado. De cada um desses itens transpostos em figura e cores, pode-se transbordar um rio de palavras, percepções, sentimentos...
Mas, dentre tantas probabilidades interpretativas/sensoriais sobre uma obra, o que de tão sedutor há nas pinturas da série capim-cerrado de Lourenço de Bem?
“À primeira vista me encantei pela simplicidade. Mas, logo adiante, me peguei fitando por algum tempo a tela. Então eu quis saber o que haveria de ser tão especial a ponto de arrebatar meu olhar por tanto tempo”, disse alguém.
Bem, tratando-se desse trabalho artístico, é imprescindível não ser enlevado pelo aspecto da profundidade que o artista consegue dar aos elementos que compõem a cena do quadro. Capins sobre capins, uns se sobrepondo aos outros, sob os efeitos de luz, cores, texturas, volumes e demais elementos, são capazes de fazer o olhar mais desprevenido viajar alguns metros ou quilômetros para dentro da tela.
Seja nos movimentos das folhas ou em busca de outras espécies vegetais que se acrescentam umas às outras, o olhar é conduzido a outras camadas - como quem busca as sombras, os solos, rios, sol ou nuvens encobertas - que estão por ali supostamente perdidas por detrás dos capins ou muito discretamente expostas nos últimos planos da imagem. Sim, o artista teve o cuidado de afiançar tamanha sofisticação.
Os capins-cerrado compõem o cenário dos parques ecológicos brasilienses, são comuns da vegetação da região Centro-Oeste brasileira e, evidentemente, são parte de um grande bioma da terra, compondo o espaço no qual estamos integrados. Talvez, estas particularidades sejam – além dos efeitos de profundidade, sombra e volume – algumas das qualidades que tornam este trabalho tão contemplado, apetecido, estimado e adquirido por apreciadores de artes.
Foram mais de 150 obras vendidas, algumas presenteadas, outras sorteadas.
Atualmente, em busca de resultados cada vez mais aperfeiçoados, o artista trabalha uma nova série de pinturas Capim-Cerrado visando mais intensidade nos efeitos de profundidade e contraste, já se preparando para uma próxima exposição até o final deste ano, com 15 telas inéditas. Vamos ficar atentos!
Fotos e Textos: Renata Coli
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